E hoje quem brilha é...
... António Medeiros
O António Medeiros tem 20 anos é aluno na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, onde está a cursar Artes Multimédia, é também video & fotografo freelancer. Apesar de jovem o António conta com vasto trabalho, onde entram trabalhos gráficos, desenhos, fotografias, vídeos e até mesmo um livro de fotografia, publicado em nome próprio intitulado "Dias de Chuva em Casa" e uma publicação como autor convidado na colectânea fotográfica "Fragrâncias de Luz"
Actualmente começa a dar passar consistentes no mundo da fotografia de moda. Para além disto tudo é meu amigo pessoal há aproximadamente 5 anos, altura em que começou a sua carreira, por isso tenho acompanhado tudo do inicio e o António não podia faltar na minha rubrica semanal.
IM WOOK from UNO MODELS
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Antes de mais agradeço-te imenso pelo teu convite, embora todos os dias as pessoas sejam expostas a novos projectos, nem todos os projectos são capazes de convencer e mover as pessoas, no entanto, acho que igualmente ao esforço que deve ser empregue num projecto, deve-se ter o mesmo empenho na estratégia de comunicação que será utilizada para divulga-lo. Ao ler o que me escreveste, consegui sentir e perceber a quantidade de indiferença que ainda se sente em relação a essa condição física. Percebendo imediatamente, que é necessário trazer algo mais para ajudar a reverter a situação.
Vanessa D'Oria from Central Models |
Como fotografo e meu amigo pessoal não podia deixar de aproveitar o facto e convidar-te para falar sobre o tema de moda inclusa, como vês modelos em cadeira de rodas a serem lançados no mercado, campanhas que juntam pessoas sem limitações motoras a pessoas com essas limitações?
Começando por falar em inclusão, não temos melhor exemplo do que as campanhas que a Benetton trouxe nos anos 90. Não propriamente ligadas a condições motoras, mas muito determinante na transmissão de uma mensagem: amor e respeito pelos outros. É aí que percebemos que as campanhas publicitárias são um excelente meio para incutir novos ideais. Se bem que por muitas vezes essa indústria acabe por criar ideias erradas nas mentes de muitas crianças ou adultos, trazer limitações motoras a esse campo, será uma excelente maneira de transmitir a ideia pretendida: Quem está numa cadeira de rodas não está inválido, nem de perto. Por isso ver as duas realidades a unir-se seria uma boa maneira de criar maior sensibilização ao tema.
Pedro Costa from L'Agence Models |
Se fosses convidado para fazer uma sessão fotográfica em que um dos modelos, ou o modelo principal estaria cadeira de rodas, quais seriam as tuas maiores preocupações, ambições/realizações em relação à sessão e dificuldades que irias sentir?
Esta é uma questão pertinente. Teria cuidado em fazer um trabalho que não vivesse completamente de ideias ligadas à mobilidade do indivíduo, portanto tentaria com que o tema fosse algo universal, mas praticado por alguém com essa limitação motora e outra/outras sem essa limitação. Levar a mensagem, sem que sinta que a imagem se está a “aproveitar” dessa limitação para “comover”. Por palavras mais simples, tornar a mobilidade limitada apenas uma característica, não a total caracterização do indivíduo.
Ana Zagalo by António Medeiros |
Achas que o mundo da moda é suficientemente “mente aberta” para receber bem este tipo de pessoas ou achas que pode existir algum tipo de preconceito escondido?
Acho que há imenso por onde trabalhar quanto ao mundo da moda. Num mundo onde a mente aberta parece ser algo comum, há imensos preconceitos para derrubar. Num mundo onde todos os centímetros de altura e de corpo contam, quase nem há espaço para alguma miúda que por mais bonita que seja, que tenha um meio centímetro a mais de cintura que outra miúda. Por mais que o mundo da Moda já tenha aberto o caminho a outras situações: modelos com membros amputados, modelos com mais peso etc, ainda há muito a percorrer.
David Gutierrez from ActingModels for Gentleman's Journal |
Imagina que uma pessoa que se desloca em cadeira de rodas era convidada para um evento como o Moda Lisboa, na tua opinião consideras que essa pessoa ia ser acarinhada ou ia sentir-se uma “outsider”?
Acho que num evento tipo a Moda Lisboa essa pessoa se sentiria bem, certamente melhor do que o que se sentiria no backstage, sítio que contrasta muito com o que se vê do outro lado. Um lado onde se vai ver o produto finalizado, e o outro onde se observam os talhantes a finalizar os cortes enquanto lidam com manequins. Mesmo assim, dizer que as pessoas estão a ser livres por usar roupas no evento que não usariam no dia-a-dia, não as torna mais nem menos livres. Livres são aqueles que estão libertos de quaisquer preconceitos, a não ser aqueles que não interfiram com qualquer liberdade ou julgamento alheio.
ZIG ZAG Editorial l photo| António Medeiros Styling | Ivanna Yankovska Model | Arthur Jacob |
Para terminar uma pergunta um pouco mais pessoal: No teu dia-a-dia reparas nas barreiras arquitectónicas que existem? Quais as suas maiores preocupações quanto a isso?
Ao contrário do que se pensa, Lisboa é uma das cidades com maiores barreiras arquitectónicas para limitações motoras que conheço. Imensos prédios centenários, são o motivo por muitos sítios ainda muitos deles não terem qualquer elevador que permita que as pessoas de cadeiras de rodas se desloquem. Diria que o maior "cancro" nesse aspecto será o Metro de Lisboa, uma obra relativamente recente, na qual nem perto metade das suas estações estão preparadas para essas situações.
Nas páginas do António podem consultar melhor o trabalho dele e ficar atentos a trabalhos futuros e têm lá todos os contactos para o caso de necessitarem.
Fica aqui o meu agradecimento público ao António e os maiores votos de sucesso, vou continuar a apoiar-te em todos os teus caminhos sejam eles quais forem. Se me permitem, deixem-me dizer que ADORO o António e é um ser humano único e especial.
Bright Kisses, Filipa*
Está interessante :)
ResponderEliminarObrigada Catarina :)
EliminarBright Kisses *
LIKE IT A LOT
ResponderEliminarObrigada meu anjo <3
EliminarLYYYYY